São Mardarije de Libertyville foi o primeiro monge sérvio a pisar em solo americano e a estender a mão da salvação aos fiéis ortodoxos no Extremo Oeste. Canonizado há dez anos e declarado santo por decisão da Santa Assembléia dos Hierarcas da Igreja Ortodoxa Sérvia.
Nascido na aldeia de Kornet, no condado de Ljesani, em Montenegro, em 2 de novembro de 1889, filho dos piedosos pais Petar e Jela Uskokovich, foi batizado na igreja de sua aldeia, dedicada a São Jorge, e recebeu o nome de batismo de Ivan. Sua mãe pertencia à conhecida família Bozovich. Ambos os pais eram muito respeitados em sua comunidade, ocupando cargos de liderança, sendo seu pai, em particular, capitão do clã.
Considerando a condição social de seus pais, o jovem Ivan foi enviado para prosseguir seus estudos, primeiro em Rijeka Crnojevich, Cetinje e depois em Belgrado, na Sérvia. Em Belgrado, o jovem Ivan aprofundou seu desejo de infância de servir a Deus e à Igreja, e assim, de lá, dirigiu-se ao Monastério de Studenitsa, onde, após um breve período de noviciado, foi tonsurado e recebeu o nome de Mardarije.
Por decisão do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Sérvia, o então jovem Hierodiácono Mardarije foi enviado à Rússia, onde passou doze anos (1905-1917) aprofundando seus estudos teológicos e adquirindo sabedoria.
De lá, o Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa o enviou aos Estados Unidos da América para organizar a Igreja Ortodoxa Sérvia. Em 1º de dezembro de 1923, o então Arquimandrita Mardarije foi nomeado administrador da diocese sérvio-americana-canadense, com sede em Chicago. Ele foi eleito pela Santa Assembleia dos Bispos da Igreja Ortodoxa Sérvia como o primeiro bispo da recém-criada diocese na América em 7 de dezembro de 1925, e sua consagração ocorreu no Domingo de Ramos, Festa da Entrada de Nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém, em 25 de abril de 1926.
Seus sermões foram ouvidos com grande atenção, ele foi acolhido em todo o império e até mesmo na corte dos Romanov. Acredita-se que foi Mardarije quem descobriu que o dissoluto Rasputin era um espião alemão.
Após a Rússia, ele continuou sua missão espiritual na América, e depois de ter adquirido cerca de quatro hectares de terra em Libertyville, Illinois, deu início à construção do Monastério de São Savas, que também funcionava como orfanato e lar para idosos.
O dinheiro para a compra do terreno foi doado pelo nosso famoso cientista Mihajlo Pupin. Dizem que, mesmo gravemente doente, Mardarije ajudou na construção. O monastério foi construído em estilo russo e é visitado não só por sérvios, mas também por romenos, russos e búlgaros.
A partir de então, Sua Graça, o Bispo Mardarije, o primeiro bispo da Igreja Ortodoxa Sérvia na América do Norte e do Sul, trabalhou incansavelmente na construção de igrejas, do Monastério de São Savas em Libertyville, semeando o amor cristão, espalhando a paz, pregando e testemunhando o Evangelho de Cristo por toda a sua diocese. Apesar das inescapáveis tendências mundanas, ele viveu a espontaneidade da verdade e a provisão da graça, simplesmente porque a Vida desponta do túmulo e continua a despontar.
Tendo trabalhado como bispo por pouco mais de nove anos, faleceu em paz em 12 de dezembro de 1935, hospitalizado em Ann Arbor, Michigan, enquanto escrevia sua última Encíclica da Natividade para seu amado rebanho. Seus restos mortais foram sepultados no Mosteiro de São Sava em Libertyville.
Através do Santo Hierarca Mardarije, vemos como a graça de Deus alcança o coração de nossas cidades, trazendo à confusão do mundo a brisa do Espírito e a serenidade da Era vindoura.
Oito décadas após sua morte, os restos mortais de Mardarije foram exumados e constatou-se que, mesmo após 82 anos, não haviam se decomposto, permanecendo intactos, fato comum aos santos.
A Santa Assembleia dos Hierarcas da Igreja Ortodoxa Sérvia, durante sua sessão ordinária de 29 de maio de 2015, acrescentou os nomes do Arquimandrita Sebastian (Dabovich) de Jackson e do Bispo Mardarije (Uskokovich) de Libertyville, clérigos e pregadores do Evangelho, servos da vida santa que agradaram a Deus e inspiradores de muitos missionários, ao Díptico dos Santos (Calendário dos Santos) da Igreja Ortodoxa.
por monja Rebeca (Pereira)
