Mas a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado, para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos crentes. Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei e encerrados para aquela fé que se havia de manifestar. De maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que, pela fé, fôssemos justificados. Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aio. Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo.Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa. Digo, pois, que, todo o tempo em que o herdeiro é menino, em nada difere do servo, ainda que seja senhor de tudo. Mas está debaixo de tutores e curadores até ao tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo; mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.
Gálatas 3:23-29; 4:1-5 (Epístola para a Festa da Megalomártir Caterina)
No dia 25 de novembro / 07 de dezembro, comemoramos a Santa Megalomártir Catarina. Santa Catarina viveu no século III e foi martirizada no início do século IV, no ano de 305. Era de uma família abastada e recebeu uma educação rica e abrangente. Estudou os maiores filósofos e ficou conhecida por sua sabedoria. Sua mãe era uma cristã secreta que levou a filha, Catarina, ao seu próprio pai espiritual, para que ela fosse instruída e, eventualmente, batizada.
O imperador Maximino chegou à sua cidade natal, Alexandria, ansioso para encontrar cristãos para executar. Santa Catarina se apresentou, querendo testemunhar a fé cristã para os muitos que haviam comparecido às festividades pagãs às quais o imperador estava presente. O imperador levou os homens mais eruditos do império para debater com Santa Catarina, e ela se mostrou tão eloquente em sua compreensão de Cristo que muitos desses filósofos se converteram ao Cristianismo e, posteriormente, foram executados pelo imperador.
O imperador tentou convencer Santa Catarina a renegar Cristo, prometendo-lhe riquezas. Ela não se convenceu. Então, ameaçou torturá-la na roda, mas um anjo apareceu e destruiu a roda antes que Santa Catarina pudesse ser torturada. (É por isso que uma roda é representada em muitos ícones de Santa Catarina). Finalmente, o imperador mandou decapitá-la. Suas relíquias agora estão sepultadas no Monastério de Santa Catarina, no Monte Sinai.
A leitura da Epístola de sua festa, que também é lida nas festas de outras virgens mártires como Santa Bárbara e Santa Paraskevi, é da Epístola de São Paulo aos Gálatas. Esta passagem nos lembra que, antes da vinda de Cristo, era a Lei Mosaica (a Lei dada a Moisés, baseada nos Dez Mandamentos) que guiava o povo de Deus. Ela também o aprisionava. A Lei tornou-se opressiva para o povo de Deus. Havia mandamentos demais e as pessoas não conseguiam nem aprendê-los todos, muito menos segui-los todos. Os oficiais do Templo e os líderes judeus também oprimiam o povo, abusando da Lei, do conhecimento que tinham dela e do poder que exerciam sobre o povo para realizar rituais difíceis e dispendiosos, dos quais se beneficiavam financeiramente e por meio do abuso de poder.
Uma grande oradora como Santa Catarina os teria envergonhado. Ela o fez em sua época, quando filósofos pagãos desafiaram sua fé. Sua resposta a eles não foi acadêmica ou jurídica, mas baseada na fé e no amor, e impulsionada pela convicção. Recorrendo à lição da Epístola, ela uniu conhecimento e amor. Quando Cristo veio, todo o conhecimento da Lei foi resumido em dois mandamentos: amar a Deus e amar o próximo. A fé, portanto, não se baseia primordialmente no conhecimento, mas em amar a Deus e servir ao próximo. Pode-se ter todo tipo de sabedoria e conhecimento, mas sem fé e sem amor, essa sabedoria e esse conhecimento nada nos valerão aos olhos de Deus.
Aos olhos de Deus, “já não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, sois descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:28-29). Contudo, a herança que devemos receber não é material, mas sim espiritual. Não é temporária nem passageira, mas eterna. E nossa herança não é conquistada pelo conhecimento, mas pela fé e pelo serviço.
Não há dúvida de que Santa Catarina era sábia. Aliás, seu título é “Santa Catarina, a Sábia” (pan-sophou em grego). Nenhum outro santo recebeu esse título. Não foi apenas sua sabedoria que a tornou santa, mas sua disposição em usá-la para levar outros a Cristo. Outros santos levaram pessoas a Cristo por meio da cura ou da escrita. Santa Catarina testemunhou de Cristo por meio da oratória e do debate. A lição de Santa Catarina é que não devemos apenas ser sábios na fé, mas também estar dispostos a testemunhar nossa fé, a viver por nossa fé e até mesmo a morrer por ela.
Santa Catarina era sábia nos caminhos de Deus e disposta a testemunhar por Ele, até a morte. Por meio de seu conhecimento, muitos chegaram a Cristo. Por meio de seu martírio (testemunho), ela alcançou a salvação. Que sejamos sábios nos caminhos de Deus. Que usemos nosso conhecimento para levar outros a Cristo. Que nosso testemunho nos leve também a Ele!
Sacerdote Stavros Akrotirianakis
tradução de monja Rebeca (Pereira)
