Quando um bispo serve no exterior, descobre que a distância não está apenas entre ele e sua terra, mas também entre ele e muitas das coisas que ama. Ele se acostuma a acordar todos os dias com um sentimento silencioso. As pessoas veem o sorriso, as vestes episcopais, ouvem as palavras, mas só Deus conhece o que está no coração, Ele que o chamou desde o começo.
Há momentos em que o pastor sente que a tempestade não dá trégua. Os acontecimentos se sucedem, as responsabilidades aumentam e muitos corações precisam de cuidado. Mesmo assim, ele continua sendo aquele que carrega sua fragilidade em silêncio e a coloca todas as manhãs diante de Cristo, dizendo: “Tu me conheces. Tu és a minha força.”
Ficar longe da família não é simples. Estar distante dos que ama e dos seus filhos espirituais não é um detalhe pequeno. É uma ferida que acompanha a vocação. Mas essa ferida se transforma em graça quando o pastor lembra que o próprio Cristo caminhou por uma estrada que nem os mais próximos compreendiam. Muitos O viam, poucos O entendiam, e somente o Pai conhecia plenamente Seu coração.
Por isso, o bispo que vive no exterior experimenta um mistério que só quem o vive compreende: Deus preenche cada vazio, consola cada distância e transforma a solidão interior em um encontro com Ele. E então a verdade aparece: não importa onde o corpo está, mas onde o coração encontra repouso. E o coração descansa quando se apoia naquele que disse: “Estou com vocês todos os dias.”
Essa vocação não depende da força humana nem do número de pessoas que o entendem. Depende apenas da mão de Cristo, que o levanta quando o peso fica maior. Ele sabe quando enviar um sopro de consolo, quando dar uma palavra de sabedoria e quando conceder uma paz silenciosa no momento oportuno.
No caminho do serviço, o bispo aprende a alegrar-se apesar das lágrimas, a ter esperança apesar do cansaço e a amar apesar da dor. Porque cada serviço oferecido longe da pátria e cada oração elevada em terra estrangeira é registrada diante de Deus como um sacrifício que nunca se perde. No fim, basta ao pastor saber que o seu Senhor o conhece. Basta ouvir dentro de si o sussurro que diz: “Eu estou contigo… e nada do que faz passa despercebido por Mim.”
Só isso já lhe dá forças para continuar, não como alguém que apenas suporta o exílio, mas como alguém que transforma o exílio em caminho de santificação.
22.11.2025
+ Bispo Theodore El Ghandour







