Exaltação Da Santa Cruz
Introdução
A Festa da Exaltação Universal da Preciosa e Vivificante Cruz é celebrada anualmente em 14/27 de setembro. A Festa comemora a descoberta da Verdadeira Cruz de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino.
Contexto
Os imperadores romanos pagãos tentaram destruir os lugares sagrados onde nosso Senhor Jesus Cristo tinha sofrido e ressuscitado dentre os mortos, para que fossem esquecidos. O imperador Adriano (117-138) ordena que o Gólgota e o Sepulcro do Senhor fossem enterrados, e que um templo em homenagem à “deusa” pagã Vênus e uma estátua de Júpiter fossem erguidos ali.
No entanto, em 313, São Constantino emite o Édito de Milão, pelo qual ele legaliza o Cristianismo e interrompe as perseguições contra os cristãos na metade ocidental do Império. Embora Licínio tivesse assinado o Édito de Milão para atender a Constantino, continua suas cruéis perseguições contra os cristãos. Somente após sua derrota definitiva, o Édito de Milão se estende também à parte oriental do Império. O Santo Igual aos Apóstolos, Imperador Constantino, triunfando sobre seus inimigos em três guerras, com a ajuda de Deus, vê o Sinal da Cruz nos céus. Abaixo dele, estavam escritas as palavras: “Por por deste vencerás”.
Desejando ardentemente encontrar a cruz na qual nosso Senhor Jesus Cristo tinha sido crucificado, São Constantino enviou sua mãe, a piedosa Imperatriz Helena (21 de maio), a Jerusalém, entregando-lhe uma carta a São Macário, o Patriarca de Jerusalém. Santa Helena viaja para os lugares sagrados relacionados à vida terrena do Salvador, construindo mais de 80 igrejas: em Belém, local de nascimento de Cristo, no Monte das Oliveiras, onde o Senhor ascendeu ao céu, e no Getsêmani, onde o Salvador orou antes de Seus sofrimentos salutares, e onde a Mãe de Deus foi sepultada após Sua Dormição.
Embora a Santa Imperatriz Helena já não fosse jovem, ela se empenha à tarefa com entusiasmo. Em sua busca pela Cruz Vivificante, questiona cristãos e judeus, mas por muito tempo sua busca não obtem sucesso. Finalmente, é encaminhada a um certo judeu idoso chamado Judas, o qual afirma que a Cruz estava enterrada sob o templo de Vênus. Elesentão se poem a demolir o templo pagão e, após orarem, começam a escavar o solo. Logo o Túmulo do Senhor é descoberto. Não muito longe dele, vê-se três cruzes, uma tábua com a inscrição ordenada por Pilatos e quatro pregos que haviam perfurado o Corpo do Senhor.
Para descobrir em qual das três cruzes o Salvador havia sido crucificado, o Patriarca Macário toca alternadamente as cruzes em um cadáver. Quando a Cruz do Senhor toca o morto, ele restaura a vida. Depois de testemunhar a ressurreição do morto, todos estavam convencidos de que a Cruz Vivificante havia sido encontrada.
Os cristãos afluíram em grandes multidões para venerar a Santa Cruz, implorando a São Macário que a levantasse para que os que estavam longe pudessem vê-la. Então, o Patriarca e outros líderes espirituais ergueram a Santa Cruz, e o povo prostra-se diante do Venerável Madeiro, dizendo: “Senhor, tem piedade”. Este evento solene ocorre no ano 326.
Durante a descoberta da Cruz Vivificante, outro milagre ocorre: uma mulher à beira da morte é curada pela sombra da Santa Cruz. O idoso Judas e outros judeus creram em Cristo, sendo então batizados. Judas recebe o nome de Kyriakos e, mais tarde, é consagrado Bispo de Jerusalém. Sofre a morte de mártir por Cristo durante o reinado do Imperador Juliano, o Apóstata (361-363).
Santa Helena leva consigo parte do Madeiro Vivificante e dos pregos até Constantinopla. São Constantino ordena a construção de uma igreja majestosa e espaçosa em Jerusalém em homenagem à Ressurreição de Cristo, incluindo sob seu teto o Túmulo Vivificante do Senhor e o Gólgota. A igreja foi construída em dez anos. Santa Helena não sobrevive até a dedicação da igreja, e repousa no ano 327. A igreja é consagrada em 13/26 de setembro de 335. No dia seguinte, 14/27 de setembro, éinstituída a celebração festiva da Exaltação da Cruz Venerável e Vivificante.
Outro evento ligado à Cruz do Senhor também é lembrado neste dia: seu retorno da Pérsia a Jerusalém após quatorze anos de cativeiro. Durante o reinado do imperador bizantino Focas (602-610), o rei persa Cosroes II ataca Constantinopla, derrotando o exército grego, saqueando Jerusalém e capturando tanto a Cruz Vivificante do Senhor quanto o Santo Patriarca Zacarias (609-633).
A Cruz permanece na Pérsia por quatorze anos, e somente sob o imperador Heráclito (610-641), o qual derrota Cosroes e conclui a paz com seu sucessor e filho Siroes, a Cruz do Senhor é devolvida aos cristãos.
Com grande solenidade, a Cruz Vivificante é transferida para Jerusalém. O Imperador Heráclito, usando uma coroa e suas vestes reais de púrpura, carrega a Cruz de Cristo, acompanhado pelo Patriarca Zacarias. Nos portões pelos quais subiam ao Gólgota, o Imperador para repentinamente e não pôde prosseguir. O santo Patriarca explica, então, ao Imperador que um Anjo do Senhor estava bloqueando seu caminho. Heráclito é instruído a despir seus adereços reais e a andar descalço, visto que Aquele Que carregou a Cruz pela salvação do mundo havia chegado ao Gólgota com toda a humildade. Então, Heráclito veste-se sem reverências e, sem maiores impedimentos, carrega a Cruz de Cristo para dentro da igreja.
Num sermão sobre a Exaltação da Cruz, Santo André de Creta diz: “A Cruz é exaltada, e tudo o que é verdadeiro é reunido, a Cruz é exaltada, e a cidade se torna solene, e o povo celebra a festa.”
Ícone da Festa
O ícone da Festa da Preciosa Cruz conta a história da descoberta da Cruz e de sua Exaltação. O Patriarca Macário está de pé no púlpito, elevando a Cruz para que todos a vejam e venerem. De cada lado do Patriarca, há diáconos segurando velas. A Cruz elevada é cercada e venerada por muitos clérigos e leigos, incluindo Santa Helena, mãe do Imperador Constantino.
Ao fundo do ícone, há uma estrutura abobadada que representa a Igreja da Ressurreição em Jerusalém. Esta igreja foi uma das igrejas construídas e consagradas pelo Imperador Constantino nos locais sagrados de Jerusalém.
Celebração Cristã Ortodoxa da Festa da Exaltação Universal da Cruz Preciosa e Vivificante
Esta Festa de Nosso Senhor é celebrada com a Divina Liturgia de São João Crisóstomo, celebrada no dia da festa e precedida pelo serviço das Matinas. O Serviço de Grandes Vésperas é celebrado na noite anterior ao dia da festa.
No dia da Festa, ao término das Matinas ou da Divina Liturgia, é realizado um serviço especial. A Cruz é colocada em uma bandeja cercada por ramos de manjericão e levada em procissão solene pela igreja ao som do Hino da Festa. A bandeja é colocada sobre uma mesa, e o sacerdote pega a Cruz e oferece petições de cada lado da mesa, as quatro direções da bússola. Isso representa a natureza universal da oferenda de Cristo na Cruz. Enquanto o povo responde cantando “Senhor, tem piedade”, o sacerdote levanta e abaixa a cruz, em comemoração à sua descoberta e exaltação. Ao término do serviço, o povo se aproxima, venera a cruz e recebe o manjericão do sacerdote. O manjericão é usado e oferecido, pois era a flor perfumada que crescia onde a cruz foi encontrada.
As leituras bíblicas para a Festa da Cruz são as seguintes:
a) em Vésperas: Êxodo 15:22-16:1; Provérbios 3:11-18; Isaías 60:11-16
b) em Matinas: João 12:28-36
c) na Divina Liturgia: 1 Coríntios 1:18-24; João 19:6-11, 13-20, 25-28, 30-35.
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