ELE FOI O PRIMEIRO A SER CHAMADO E NÓS TAMBÉM SOMOS CHAMADOS

Hoje é o dia de festa de Santo André, o primeiro dos Apóstolos a ser chamado. André era um simples pescador. Ele tinha um irmão chamado Pedro, e quando André ouviu o chamado de Jesus, disse a Pedro para vir também. André, apesar de ser o primeiro a ser chamado, não era o líder dos discípulos. Essa responsabilidade coube a Pedro, a quem Jesus disse: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha igreja” (Mateus 16:18). Pedro, Tiago e João (Tiago e João eram irmãos, filhos de Zebedeu) formavam o círculo íntimo. André também não fazia parte desse círculo.

Isso não significa que André não tenha sido e não seja uma figura importante na história da salvação. Sabemos que André foi um dos discípulos de João Batista. Sabemos que João Batista ensinava aos seus seguidores que Alguém viria depois dele, e esse Alguém seria o Cristo, o Messias prometido.

Assim, antes mesmo de conhecer Cristo, André já cultivava uma fé “em Cristo”, acreditando que de fato haveria um Messias vindouro e que João seria aquele que confirmaria a vinda desse Messias. No dia em que Jesus passou pelo local onde João conversava com André (e com outro “discípulo” de João, cujo nome não foi mencionado), João disse, referindo-se a Jesus: “Eis o Cordeiro de Deus!” (João 1:36).

João demonstrou humildade ao cumprir seu papel como Precursor. Ele sabia que, naquele momento, seu papel como líder entre seu grupo de discípulos chegaria ao fim e que eles agora seguiriam a Cristo. Foi preciso uma humildade incrível para se afastar da obra de sua vida, reconhecendo que havia cumprido seu chamado.

André, por outro lado, havia sido preparado por João para mudar seu foco, e agora demonstrava uma fé incrível não apenas na mensagem de João, mas também em seguir Jesus, alguém que ele não conhecia. A mensagem sucinta de João, “Eis o Cordeiro de Deus!”, foi tudo o que André precisava ouvir para segui-Lo. Imediatamente, André se dirigiu a Jesus como “Rabi” (que significa mestre) (João 1:38). Ele perguntou onde Jesus estava hospedado e Jesus convidou André e o outro discípulo a “virem e verem”, o primeiro convite para virem a Cristo. André e o outro discípulo (de João) ficaram com Jesus naquele dia. Ao passar apenas um curto período com Jesus, André soube que aquele era o Messias de quem João havia falado. Ninguém além de André, do discípulo não identificado e de João Batista sabia quem era Jesus.

Então, André se viu diante de outra decisão importante. Convidaria outros a “virem e verem”? Seu convite seria motivado por curiosidade ou convicção? E o que os outros pensariam do seu convite? Ficariam curiosos? Céticos? Irritados? André realizou seu segundo ato de fé. O primeiro foi segui-lo. O segundo foi convidar outros a segui-lo.

Há muitas pessoas que realizaram o primeiro ato de fé, o de seguir por conta própria. Há muito menos pessoas que realizaram o segundo ato, o de convidar outros a segui-lo. Talvez lhes falte coragem. Talvez lhes falte convicção. Ou talvez seja falta de conhecimento. Ou, muito possivelmente, as pessoas não se veem como chamadas para serem apóstolos, aqueles que espalham as boas novas de Cristo. Talvez alguns pensem que apenas os sacerdotes são chamados para esse dever sagrado.

Contudo, André não havia sido designado nem ordenado por Cristo para fazer nada. Ele havia sido convidado por Cristo a “vir e ver”, o que ele fez. Ele chegou a ter alguma compreensão de Cristo, embora seja discutível o quão completa essa compreensão ele poderia ter depois de passar apenas uma noite com Ele. No entanto, ele teve convicção suficiente no que ouviu para ter a coragem de convidar outra pessoa, seu irmão.

O papel de André é significativo. E se ele não tivesse confiado em João Batista e seguido a Cristo? E se ele tivesse ouvido as boas novas de Cristo e nunca as tivesse compartilhado? E se ele nunca tivesse arriscado e convidado Pedro para ir com ele ver Jesus? Talvez não tivéssemos a Igreja que temos hoje. Claro, é Pedro quem recebe todo o reconhecimento como a “rocha” da Igreja. Mas foi André quem abriu o caminho para que isso acontecesse.

Após o Pentecostes, André levou o Evangelho à região do Mar Negro, incluindo o que hoje é Constantinopla (ou Istambul, Turquia) e também à atual Rússia. André foi crucificado em uma cruz em forma de X, tendo pedido para não ser crucificado da mesma maneira que o Senhor.

Santo André foi o primeiro a atender ao chamado para seguir a Cristo. Mais tarde, tornou-se um dos primeiros a compartilhar Sua mensagem. Cada um de nós é chamado, assim como André foi, a “vir e ver” quem é Cristo. Todos nós somos chamados, assim como André, a ser discípulos (alunos) e apóstolos (aqueles que propagam a Palavra).

Vinde e vede! Mais importante ainda, venham e façam parte do Corpo de Cristo, primeiro como discípulos e depois como apóstolos. Este foi o chamado de Jesus a André. É o Seu chamado para cada um de nós também.

Sacerdote Stavros Akrotirianakis
tradução de monja Rebeca (Pereira)

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Aurora Ortodoxia é um labor online missionário de cristãos ortodoxos brasileiros de distintas jurisdições canônicas, dedicado ao aprofundamento e iluminação daqueles que se interessam em conhecer a Fé Ortodoxa por meio da experiëncia da Santa Tradição.

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