Muito tem se repercutido a respeito do encontro que se deu na semana passada, entre o Patriarca Ecumênico Bartolomeos e o Papa de Roma Leo XIV na Turquia, por ocasião da festa do Santo Apóstolo André, o Primeiro Chamado. Toda a atmosfera festiva se formou em torno do Jubileu de 1700 anos do I Concílio Ecumênico, reunido em Niceia no ano de 325. Além dos dois Primazes, o encontro também contou com a presença do Patriarca Ortodoxo de Alexandria, Theodoros II, e outros líderes religiosos monofisitas.
Parece ter sido mais uma tentativa de reunir Primazes para se tratar de assuntos sérios e delicados. No entanto, a Pentarquia (Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém) não estava completa – os Patriarcas de Antioquia e Jerusalém não se fizeram presentes. Fato este similar ao Grande e Santo Concílio da Igreja Ortodoxa reunido em 2016 em Creta, onde alguns representantes de Patriarcados e Igrejas Autocéfalas não compareceram, igualmente.
O fato de ambos os Primazes terem professado o Credo sem o Filioque não é novidade. Roma aceita rejeitar o Filioque, sua pedra de tropeço é a Primazia de Roma – quer dizer, o Papado. Disso eles não abrem mão! Bartolomeos e Leo também assinaram uma Declaração em comum reafirmando o desejo de uma possível unidade no futuro… ato outrora realizado em outras ocasiões no passado por alguns de seus antecessores. O quê não passa de um protocolo de paz, não comprometendo de forma alguma o Pleroma da Igreja Ortodoxa. Toda a decisão a ser tomada a nível de Igreja Ortodoxa precisa ser unanimemente aceita e aprovada em unidade por TODOS os Primazes Ortodoxos Canônicos reunidos. Participar da Doxologia e abençoar o povo no interior de um templo ortodoxo não compromete a genuinidade de nossa Fé verdadeira… NÃO OUVE CELEBRAÇÃO SACRAMENTAL EM COMUM. Vale ressaltar, o Papa assistiu a Sagrada Liturgia.
O quê realmente parece urgir é a questão territorial da Diáspora, cujos Cânones datam do início do Cristianismo. Hoje, temos guerras onde a política envolve principalmente a Igreja Ortodoxa em territórios que sofreram mudanças em sua reestruturação geográfico-política e este é o ponto crucial do presente. Lógico que a Cristandade deve lutar pela união e buscar o caminho da paz…
Voltamos aos Cânones da Diáspora. Só para se ter um exemplo: segundo um dos Cânones, a Diáspora “pertence” ao Patriarcado Ecumênico e, segundo outro Cânone, cada cidade é presidida por um único Hierarca (Bispo). Agora vejamos a situação da América Latina, por exemplo: só em Buenos Aires temos 05 (cinco) Hierarcas Ortodoxos canônicos, sendo um dentre eles o Arcebispo que representa o Patriarcado Ecumênico! Sem falar que o povo argentino convertido não tem seu Hierarca nativo canônico e depende da boa vontade de alguma Igreja Canônica que se compadeça de os agregar as suas ovelhas. Por quê? Porque a Diáspora está relacionada a grupos étnicos que se formaram com imigrantes vindouros de suas terras de origem para o Novo Mundo. Este panorama é completamente diferente daquele da época em que estes Cânones da Diáspora foram escritos!
Outro exemplo é a questão da Ucrânia e Rússia, da Macedônia, de Montenegro, da Tcheco-Eslováquia, Estônia e do Continente Africano. Tudo é problema de poder, território, rebanho e, infelizmente, dinheiro.
Por isso, o melhor comportamento a se ter é: entrega a Deus! Os homens são fontes de problemas e sempre o serão! No entanto, “as portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja” (Mt. 16:18). Pecado humano algum pode manchar o Corpo Místico de Cristo – Sua Igreja. É por isso que as decisões são tomadas em unidade (conciliaridade), segundo as palavras do Próprio Senhor: “onde dois ou mais estiverem reunidos em Meu Nome, ali estarei” (Mt. 18:20).
Em todos os tempos, a Igreja e seus justos sempre foram e sempre serão perseguidos… isso não poderia ser diferente, nosso estandarte é a própria Cruz! Orar, jejuar, interceder e suplicar a Deus pelo discernimento dos Primazes é a via mais conveniente… e claro, não julgar e ter fé. Sem pânico! Keep calm and say the prayer!
Que nosso Senhor nos ajude a todos. Amém!
monja Rebeca (Pereira)








