Ciclo Litúrgico

“Bendito é o Reino do Pai, do Filho e do Espírito Santo, agora e para sempre” — eis a exclamação inicial da Liturgia de nossa Igreja.

O objetivo de toda a vida cristã — orar, estudar, trabalhar e descansar — é nos conduzir à maravilhosa realidade renovadora do Reino de Deus. Embora o Reino de Deus possa ser descrito por muitas palavras (vontade, governo, poder, senhoria, majestade, glória e graça de Deus), em termos simples, é a presença sagrada pessoal de Deus. Viver na realidade do Reino de Deus é viver na presença de Deus — com um sentimento de admiração, alegria e gratidão em todas as circunstâncias e por todas as coisas.

Qual é o Significado do Ano Litúrgico?

O ano litúrgico é uma forma de disciplina na oração, um padrão de adoração, uma âncora de apoio para a vida da Igreja. Mas também tem um significado mais profundo. Segundo o renomado teólogo Georges Florovsky, “a adoração é uma resposta ao chamado de Deus, que já nos revelou o Seu amor redentor por meio de eventos decisivos que culminaram na Pessoa e no ministério de Jesus Cristo. A adoração tem dois aspectos principais: a recordação (anamnese, que significa não apenas a recordação histórica, mas também a revivência dos eventos comemorados) e a ação de graças (incluindo louvor e doxologia)”.

Assim, o ano litúrgico, ao trazer incessantemente diante de nós os poderosos feitos de salvação de Deus e a realidade do Reino de Deus em nosso meio, é a santificação do tempo e, portanto, a verdadeira realização dos aspectos pessoais e coletivos de nossas vidas como cristãos. Longe de ser simplesmente um calendário, o ano litúrgico na vida da Igreja — a vida de cristãos vivendo em comunidade como irmãos e irmãs — na consciência do Reino de Deus, lembrando toda a comunhão dos Profetas, Apóstolos, Santos e todo o povo de Deus na terra e no céu, sendo renovados pelo amor salvador de Deus, ajudando uns aos outros, testemunhando a boa nova de Cristo e aguardando a plenitude do Reino vindouro, de acordo com o tempo de Deus.

“Se vivemos, vivemos para o Senhor; e se morremos, morremos para o Senhor” (Rm 14:8).

O culto ortodoxo proclama a centralidade de Cristo. O ano litúrgico celebra a presença do mistério de Cristo na vida da Igreja e busca fazer do Cristo Vivo uma fonte de vida renovadora para todo cristão ortodoxo.

As festas mais importantes do ano não celebram as boas novas da vida e obra de Cristo, a Anunciação, Seu Nascimento, Apresentação no Templo, Batismo, Transfiguração, Entrada Triunfal, Semana Santa, Páscoa, Ascensão e Seu dom do Espírito no dia de Pentecostes, todos baseados no Novo Testamento? Não recordamos e revivemos Sua morte e ressurreição em cada domingo (Dia do Senhor) e em cada Liturgia? Não ouvimos continuamente sobre os ensinamentos, milagres e encontros de Jesus com homens e mulheres de todas as esferas da vida? Mesmo as Festas dos Profetas, dos Apóstolos, da Theotokos e dos Santos, devidamente compreendidas, apontam para a centralidade de Cristo, o Salvador e Senhor de todos.

Esta é a mensagem essencial da fé ortodoxa: Cristo vive e deseja ser Um conosco em uma união de amor santo. Ele é o Guia de nossa vida e o Celebrante dos sacramentos. Ele é o Bom Pastor que continua não apenas a buscar os perdidos, mas também a alimentar aqueles que já estão em Seu rebanho. Estamos preparados para ouvir Seu chamado? Estamos dispostos a abrir nossos corações a Ele? Buscamo-Lo com a mesma avidez com que Ele nos busca?

Eis o convite do Cordeiro de Deus: “Mas o que direi? Não foi somente por isso que demonstrei Meu amor por vós, mas também pelo que sofri. Por vós fui cuspido, fui açoitado. Eu Me esvaziei da glória, deixei Meu Pai e vim até vós — que Me odias, vos afastais de Mim e não quereis ouvir Meu Nome. Eu os busquei, corri atrás de vós para alcançá-los. Eu os uni e os juntei a Mim mesmo: “Comam-Me, bebam-Me”, exclamei. No céu acima Eu os seguro, e na terra abaixo Eu os abraço. Não lhes basta que Eu tenha a garantia da salvação no céu? Isso não satisfaz o vosso desejo? Desci novamente à terra (através da Eucaristia): não apenas estou misturado a vós, antes entrelaçado em vós. Sou comido, partido em pequenas partículas, para que a fusão, a mistura e a união sejam mais completas. As coisas unidas permanecem ainda (às vezes) em seus próprios limites, no entanto estou entrelaçado convosco. Não quero que nada nos separe. Desejo que ambos sejamos um” — 15ª Homilia de São João Crisóstomo sobre 1 Timóteo, passagem para a qual Georges Florovsky faz referência acima.

Os Cinco Ciclos

O Grande Ciclo da Vida

A vida de um cristão ortodoxo pode ser vista como composta por cinco ciclos. Em primeiro lugar, há o grande ciclo da vida, que abrange toda a vida de um homem, do nascimento à morte, e que consiste em atos litúrgicos que não se repetem, ocorrendo apenas uma vez na vida de uma pessoa. São eles: o Santo Batismo, o Santo Crisma e o Serviço Funerário. Além disso, também pertencem a este grande ciclo os Sacramentos ou Bênçãos Sacramentais, que concedem graça especial para um serviço ou vocação específica na comunidade. São eles: o Santo Matrimônio, a Tonsura Monástica e as Ordens Sagradas.

O Ciclo Diário

Outro ciclo importante que envolve toda a vida de um cristão ortodoxo é o ciclo diário de orações e louvores oferecidos pela Igreja, uma vez a cada vinte e quatro horas. Esses serviços expressam nossa lembrança de eventos que aconteceram em determinados horários e contêm petições relevantes para essas memórias.

Na antiguidade, o dia era considerado como começando ao pôr do sol e, portanto, era dividido de acordo com a seguinte ordem: a noite começava às 18h (de acordo com nossa contagem) e era dividida em quatro partes (chamadas de vigílias, o tempo da troca de guardas-vigias):

  • Tarde (18h às 21h)
  • Meia-noite (21h à meia-noite)
  • Cantar do galo (meia-noite às 3h)
  • Manhã (3h às 6h)

O dia começava às 6h (nossa contagem) e também era dividido em quatro vigílias (ou horas). Primeira Hora (6h às 9h); Terceira Hora (9h às 12h); Sexta Hora (12h às 15h); e Nona Hora (15h às 18h).

Seguindo esse padrão antigo, os cristãos ortodoxos iniciam cada parte do dia com uma oração comunitária, o que resultou nos seguintes oito Ofícios, habitualmente divididos em três grupos:

  • Nona Hora, Vésperas e Completas;
  • Ofício da Meia-Noite, Matinas e Primeira Hora;
  • Terceira e Sexta Horas.

Também estão incluídos no ciclo diário os Ofícios para a Bênção da Mesa e as Orações da Manhã e Antes de dormir.

A Divina Liturgia é frequentemente incluída neste ciclo diário, sendo normalmente celebrada após a Sexta Hora. Frequentemente tratada como parte do ciclo diário, a Divina Liturgia não é prescrita para ser celebrada todos os dias (como em muitas catedrais e monastérios) e, num sentido teológico e místico, situa-se, na verdade, fora do tempo cronológico, visto que também serve como um ponto de contato com o eterno, onde seus participantes (em virtude de sua participação na Sagrada Eucaristia) são transportados para fora do tempo, onde não há passado, presente ou futuro, mas apenas o eterno Agora.

Nos dias em que a Divina Liturgia não é celebrada, o Ofício dos Salmos Típicos pode ser celebrado em seu lugar após a Sexta Hora (às vezes também precede a Liturgia), formando assim parte do terceiro grupo de Ofícios Diários com a Terceira e a Sexta Horas.

Além desses dois ciclos, há também outros três: o Ciclo Semanal dos Oito Tons (Octoeco), o Ciclo Anual de Festas Móveis (dependente da Páscoa) e o Ciclo Anual de Festas Fixas, começando no primeiro dia do Ano Eclesiástico – 01/14 de setembro. Esses três ciclos são combinados e sobrepostos uns aos outros, dando ao Ano Litúrgico uma variedade constante e infalível.

O Ciclo Semanal

Cada dia do Ciclo Semanal é dedicado a memoriais especiais.

  • Domingo: dedicado à Ressurreição de Cristo;
  • Segunda-feira: Santos Poderes Incorpóreos (Anjos, Arcanjos, etc.);
  • Terça-feira: profetas e, especialmente, São João Batista;
  • Quarta-feira: Cruz e memória da traição de Judas;
  • Quinta-feira: Santos Apóstolos e Hierarcas, especialmente São Nicolau, Bispo de Mira em Lícia;
  • Sexta-feira: Cruz e memória do dia da Crucificação;
  • Sábado: Todos os Santos, especialmente à Mãe de Deus, e à memória de todos aqueles que partiram desta vida na esperança da ressurreição e da vida eterna.

Cada semana do Ciclo Semanal é centrada nos Oito Tons (a base da música litúrgica da Igreja Ortodoxa) e cada semana tem seu próprio Tom. No sábado à noite da Semana Luminosa (véspera do Domingo de São Tomé), o ciclo de tons começa com o Tom I e, semana após semana, a sequência continua pelos tons sucessivos, de um a oito, mudando para um novo tom a cada sábado à noite, ao longo do ano.

O Ciclo Anual de Festas Móveis

Embora o mês de setembro marque o início do ano eclesiástico, de acordo com o calendário da Igreja Ortodoxa, o verdadeiro centro litúrgico do ciclo anual de culto ortodoxo é a Festa da Ressurreição de Cristo — a Páscoa. Todos os elementos da piedade litúrgica ortodoxa apontam e decorrem da Páscoa. Mesmo as “Festas Fixas” da Igreja, como o Natal e a Teofania, que são celebradas de acordo com uma data fixa no calendário, tomam sua forma litúrgica e inspiração da festa pascal.

O ciclo de culto pascal começa com o tempo da Grande Quaresma, precedido pelos domingos especiais pré-quaresmais. A ordem de culto na Grande Quaresma se cumpre na Semana Santa e no Grande Dia da Ressurreição de Cristo. Após a Páscoa, seguem-se os cinquenta dias de Celebração Pascal até a Festa de Pentecostes.

Cada semana do ano é então considerada no culto da Igreja como um “Domingo após o Pentecostes”. As semanas são contadas dessa maneira (Primeiro Domingo após o Pentecostes, Segundo Domingo após o Pentecostes, etc.) até que o período pré-quaresmal comece novamente, quando as semanas recebem seu nome e conteúdo central de adoração em vista do retorno anual da Páscoa.

Logo, o Ciclo Anual de Festas Móveis é aquele centrado na Santa Páscoa e é chamado de móvel porque, estando ligado à Festa das Festas, muda de ano para ano, visto que a própria Páscoa cai em uma data diferente a cada ano.

As Festas que compõem este ciclo são o Domingo de Ramos (o domingo anterior à Páscoa), a Santa Ascensão (o quadragésimo dia após a Páscoa) e o Pentecostes (Descida do Espírito Santo no quinquagésimo dia após a Páscoa).

O Ciclo Anual de Festas Fixas

Cada dia do ano é dedicado à memória de eventos ou santos específicos, e essas comemorações sempre caem na mesma data do calendário a cada ano. Assim, em homenagem a cada evento ou santo(s), hinos especiais foram compostos, os quais são adicionados aos hinos e orações habituais do dia.

Calendário Eclesiástico: História e Desenvolvimento

Na Igreja Ortodoxa, os dias festivos e de jejum são contados de acordo com dois calendários distintos: o Calendário Juliano e o Calendário Gregoriano. O primeiro é atribuído ao imperador romano Júlio César, referente ao nome do mesmo. Foi posteriormente corrigido no século XVI pelo Papa Gregório XIII devido à discrepância cada vez maior entre o tempo do calendário e o tempo astronômico calculado. Assim, surgiu o Calendário Gregoriano.

Antigo e Novo Calendários

Enquanto o Calendário Juliano esteve em uso contínuo no Oriente e no Ocidente cristãos ao longo dos séculos, a subsequente introdução do Calendário Gregoriano no Ocidente criou mais uma anomalia nas relações deterioradas entre as duas Igrejas. A necessidade de correção do Calendário Juliano era bem compreendida no Oriente e até levou alguns a criarem um novo calendário. No entanto, o Calendário Juliano permaneceu em uso durante todo o período bizantino e além. Apesar dos esforços dos emissários do Papa Gregório para convencer os ortodoxos a aceitar o Novo Calendário (Gregoriano), a Igreja Ortodoxa o rejeitou. O principal motivo da rejeição foi a alteração da celebração da Páscoa: contrariamente às injunções do cânone 7 dos Santos Apóstolos, do decreto do Primeiro Concílio Ecumênico e do Cânone 1 de Ancira, a Páscoa às vezes coincidia com a Páscoa judaica no calendário gregoriano.

Foi assim que a questão se manteve até o fim da Primeira Guerra Mundial. Até então, todas as Igrejas Ortodoxas obedeciam rigorosamente ao Antigo Calendário (Juliano), que atualmente está 13 dias atrasado em relação ao Novo Calendário, há muito adotado pelo restante da Cristandade. Em maio de 1923, porém, um “Congresso Interortodoxo” foi convocado em Constantinopla pelo então Patriarca Ecumênico, Melécio IV. Nem todas as Igrejas Ortodoxas compareceram. As Igrejas da Sérvia, Romênia, Grécia e Chipre compareceram; as Igrejas de Alexandria, Antioquia e Jerusalém, embora convidadas, não o foram; a Igreja da Bulgária também não. Diversas questões estavam em discussão no congresso, uma das quais era a adoção do Novo Calendário. Não houve acordo unânime sobre nenhuma das questões discutidas. Várias Igrejas Ortodoxas, no entanto, acabaram concordando, embora não todas ao mesmo tempo, em adotar o Novo Calendário. Trata-se das Igrejas de Constantinopla, Alexandria, Antioquia, Grécia, Chipre, Romênia, Polônia e, mais recentemente, Bulgária (1968); por outro lado, as Igrejas de Jerusalém, Rússia e Sérvia, juntamente com os monastérios no Monte Athos, continuam a aderir ao Antigo Calendário.

Problemas e Implicações do Calendário entre as Igrejas Ortodoxas no Século XX

Os Antigos Calendaristas

O resultado desta situação é realmente lamentável. As Igrejas Ortodoxas que adotaram o Novo Calendário celebram o Natal, juntamente com as demais Igrejas da Cristandade, em 25 de dezembro; as Igrejas Ortodoxas que não o adotaram, celebram o Natal 13 dias depois, quer dizer, aos 07 de janeiro. As primeiras celebram a Teofania em 06 de janeiro e as últimas em 19 de janeiro.

E assim acontece com todas as Grandes Festas do calendário cristão, exceto uma. A Páscoa, a festa das festas, continua a ser calculada por todas as Igrejas Ortodoxas de acordo com as datas do Calendário Antigo. Consequentemente, todas as Igrejas Ortodoxas celebram o evento da Ressurreição de Cristo no mesmo dia, independentemente de quando o restante da Cristandade o faz. Uma exceção a essa regra geral é a Igreja Ortodoxa da Finlândia. Por representar menos de 2% da população de um país predominantemente luterano, ela celebra a Páscoa de acordo com o Novo Calendário por razões práticas.

É bem possível que a data da Páscoa Ortodoxa ocasionalmente coincida com a das outras Igrejas Cristãs; no entanto, também pode ocorrer até 5 semanas depois. Assim surgiu a fórmula aplicada pelas Igrejas Ortodoxas que adotaram o Novo Calendário — a saber, que os dias festivos fixos devem ser observados 13 dias antes do Calendário Antigo, enquanto a Páscoa e todos os dias festivos móveis dependentes dela ainda são calculados de acordo com o Calendário Antigo — o que foi visto como um compromisso com aqueles que se opunham à mudança. Por um lado, foram feitas as revisões necessárias para corrigir o Calendário Antigo; por outro, o cálculo da Páscoa foi mantido como antes, para não violar os cânones sagrados. No entanto, esse acordo provou ser incapaz de impedir o cisma dos “Antigo Calendários” que se seguiu.

Como sempre acontece com os movimentos reformistas, houve forte oposição à adoção do Novo Calendário, especialmente na Grécia. O que difere nesta situação, no entanto, é que a reforma foi iniciada pela Igreja estabelecida, juntamente com o apoio total do Estado. Grupos de “Antigo Calendário”, ou Paleoemerologitai, recusaram-se a acatar a decisão da Igreja e continuaram a seguir o Antigo Calendário tanto para os dias festivos móveis quanto para os fixos. A base de sua recusa em abandonar o Calendário Antigo repousava no argumento de que os cânones ratificados por um Sínodo Ecumênico conheciam apenas o Calendário Juliano. Portanto, nada menos que um Sínodo Ecumênico tinha autoridade para instituir uma reforma de tal proporção. Em vista de sua recusa em se submeter à autoridade da Igreja da Grécia, a Igreja oficial os excomungou. Não foi o caso, porém, dos monastérios do Monte Athos. Embora todos, exceto um (ou seja, 19 monastérios), continuassem a seguir o Calendário Antigo, eles estão sob a jurisdição do Patriarcado de Constantinopla, com o qual continuam em comunhão. Apesar das tentativas das autoridades civis na Grécia de suprimi-los, os “Antigo Calendaristas” continuam a existir lá e no exterior e a manter uma hierarquia própria, juntamente com paróquias e monastérios.

As Grandes Festas

Dentre as festas do Ano Eclesiástico, um lugar de honra especial pertence à Festa das Festas — a Santa Páscoa. Em seguida, em importância, vêm as Doze Grandes Festas, que podem ser divididas em dois grupos: Festas do Senhor e Festas da Mãe de Deus.

Grandes Festas do Senhor:

  1. Exaltação Universal (ou Elevação) da Santa e Vivificante Cruz: 14/27 de setembro
  2. Nascimento de nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo (Natal): 25 de dezembro/07 de janeiro
  3. Teofania (ou Epifania) de nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo: 06/19 de janeiro
  4. Entrada de nosso Senhor Jesus Cristo em Jerusalém (Domingo de Ramos): Domingo anterior à Páscoa
  5. Ascensão de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo: 40 dias após a Páscoa
  6. Descida do Espírito Santo (Santo Pentecostes): 50 dias após a Páscoa
  7. Transfiguração de Nosso Senhor Deus e Salvador Jesus Cristo: 06/19 de agosto

Grandes Festas da Mãe de Deus:

  1. Natividade da Santíssima Theotokos: 08/21 de setembro
  2. Apresentação da Theotokos no Templo: 21 de novembro/04 de dezembro
  3. Santo Encontro (de nosso Senhor Jesus Cristo no Templo): 02 /15 de fevereiro
  4. Anunciação à Santíssima Theotokos: 25 de março/07 de abril
  5. Dormição da Santíssima Theotokos: 15/28 de agosto

Todas as Festas listadas acima, com exceção do Domingo de Ramos e do Pentecostes, são precedidas por um período de preparação conhecido como Ante-Festa.

Além disso, o Nascimento de Cristo e a Dormição são precedidos por um período especial de Jejum (o Jejum de Natal começa em 15/28 de novembro e o Jejum da Dormição começa em 01/15 de agosto). Existe também o Jejum dos Apóstolos, que precede a Festa dos Protocorifeus aos 12 de julho. O início deste Jejum está relacionado com a data de Pentecostes que sendo móvel vai fazer variar a cada ano, tanto o período quanto o dia em que se inicia.

Sobre os Períodos de Jejum

Quando Jejuamos?

  • Quaresma de Natal (40 dias): de 15/28 de novembro a 24 de dezembro/06 de janeiro
  • Paramonia (dia anterior à) da Teofania: 05/18 de janeiro
  • Grande Quaresma (40 dias): da Segunda-feira Limpa até a véspera do Domingo de Ramos
  • Semana Santa: da véspera do Domingo de Ramos até a Páscoa
  • Jejum dos Apóstolos (Pedro e Paulo): primeira segunda-feira após o Pentecostes até o próprio dia da Festa
  • Jejum da Dormição da Mãe de Deus: de 01/14 de agosto a 14/28 de agosto
  • Decapitação de São João Batista: 29 de agosto/11 de setembro
  • Exaltação da Preciosa Cruz: 14/27 de setembro
  • Todas as quartas e sextas-feiras, exceto durante os principais dias festivos

Semanas Completas (Sem Jejum)

  • Relativa ao Natal: de 25 de dezembro/07 de janeiro a 04/17 de janeiro
  • Semana do Fariseu e do Publicano: três semanas antes da Grande Quaresma
  • Semana dos Laticínios ou Tirofagia (sem carne): uma semana antes da Grande Quaresma
  • Semana Luminosa ou dos Sete Domingos: na semana após a Páscoa
  • Semana de Pentecostes: na semana após Pentecostes

Três das Grandes Festas são seguidas, no dia seguinte, por uma comemoração distinta conhecida como Sinaxe: o Nascimento de Cristo é seguido pela Sinaxe da Santíssima Theotokos; a Teofania é seguida pela Sinaxe de São João Batista; e a Anunciação é seguida pela Sinaxe do Arcanjo Gabriel. Além disso, todas, exceto uma (Domingo de Ramos), são seguidas por um período festivo chamado de Pós-Festa, durante o qual a Festa é continuamente observada. O último dia do período de Pós-Festa é chamado de Encerramento da Festa.

Além do Ciclo de Culto da Páscoa com as “Semanas após Pentecostes”, e coexistindo com ele, existe o culto da Igreja para cada dia específico do ano, cada um dos quais é dedicado a determinados santos ou eventos sagrados.

Diferentes igrejas ortodoxas enfatizam os outros dias do ano de acordo com sua relevância e significado específicos. Assim, o dia de São Sérgio é muito celebrado na Rússia, Santo Spiridão na Grécia, São Savas na Sérvia, Santa Nina na Geórgia, São Herman na América… Algumas Festas, tais como São Pedro & São Paulo, São Nicolau e São Miguel, gozam, porém, de popularidade universal na igreja.

Páscoa Ortodoxa

A determinação da data da Páscoa é regida por um cálculo baseado no equinócio de primavera e na fase da lua. De acordo com a decisão do Primeiro Concílio Ecumênico de 325, o Domingo de Páscoa deve cair no domingo seguinte à primeira lua cheia após o equinócio de primavera. Se a lua cheia cair em um domingo, a Páscoa é celebrada no domingo seguinte. O dia considerado como a data invariável do equinócio de primavera é 21 de março.

Aqui reside a primeira diferença na determinação da Páscoa entre a Igreja Ortodoxa e as demais Igrejas Cristãs. A Igreja Ortodoxa continua a basear seus cálculos para a data da Páscoa no Calendário Juliano, que estava em uso na época do Primeiro Concílio Ecumênico. Como tal, não leva em consideração o número de dias acumulados desde então devido à progressiva imprecisão do Calendário Juliano. Em termos práticos, isso significa que a Páscoa não pode ser celebrada antes de 03 de abril (gregoriano), que era 21 de março — a data do equinócio de primavera — na época do Primeiro Concílio Ecumênico. Em outras palavras, existe uma diferença de 13 dias entre a data aceita para o equinócio de primavera naquela época e a atual. No Ocidente, essa discrepância foi resolvida no século XVI com a adoção do Calendário Gregoriano, que ajustou o Calendário Juliano, ainda em uso por todos os cristãos naquela época. Os cristãos ocidentais, portanto, observam a data do equinócio de primavera em 21 de março, de acordo com o Calendário Gregoriano.

A outra diferença na determinação da Páscoa entre a Igreja Ortodoxa e outras Igrejas Cristãs diz respeito à data da Passagem pelo Mar Vermelho. Os judeus originalmente celebravam a Páscoa na primeira lua cheia após o equinócio de primavera. Os cristãos, portanto, celebravam a Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia após o equinócio de primavera. Após a destruição de Jerusalém em 70 d.C. e outros eventos trágicos que deram origem à dispersão dos judeus, a Páscoa às vezes precedia o equinócio de primavera. Isso era ocasionado pela dependência dos judeus dispersos dos calendários pagãos locais para o cálculo da Páscoa. Como consequência, a maioria dos cristãos acabou deixando de regular a observância da Páscoa pela Páscoa judaica. Seu propósito, é claro, era preservar a prática original de celebrar a Páscoa após o equinócio de primavera.

Como alternativa ao cálculo da Páscoa pela Passagem pelo Mar Vermelho, foram criados os “ciclos pascais”. A Igreja Ortodoxa acabou adotando um ciclo de 19 anos, enquanto a Igreja Ocidental adotou um ciclo de 84 anos. O uso de dois “ciclos pascais” diferentes inevitavelmente deu lugar a diferenças entre as Igrejas Oriental e Ocidental quanto à observância da Páscoa. Datas variáveis para o equinócio de primavera aumentaram essas diferenças. Consequentemente, é a combinação dessas variáveis que explica a diferença de data da Páscoa Ortodoxa, sempre que ela difere do restante da Cristandade.

Cores Litúrgicas Mediante as Festividades

As tradições das Igrejas variam em função das cores utilizadas nas Festividades. Aqui denotaremos o costume usado na Igreja Sérvia, em geral.

  • Dourado ou Amarelo: Domingos Ordinários, Festas de Profetas, Apóstolos e Santos Hierarcas
  • Branco: Páscoa, Natal, Teofania, Ascensão, Sábado de Lázaro, Domingos da Grande Quaresma, Festa dos Anjos. Enterro, Casamento, Batismo
  • Azul: Festas da Mãe de Deus e Seus ícones
  • Verde: Pentecostes, Domingo de Ramos, Veneráveis Monges, Justos e Bem-aventurados
  • Vermelho: Festa dos Santos Mártires e Santa Maria Magdalena
  • Vermelho escuro: Grande Quaresma (exceto aos Domingos) e Festas da Santa Cruz
  • Violeta: Grande Quaresma (exceto aos Domingos), principalmente na Semana Santa