“Tu és amado” (2)
“Com que amor, então, és amado?”, pergunta Deus. “Eu não disse: ‘Tu foste amado’. Nem disse: ‘Tu serás amado’. Eu não te amei apenas ontem ou anteontem. Nem é simplesmente amanhã ou depois de amanhã que te amarei. Tu és amado hoje, neste exato momento.
“Assim acontece com cada uma das Minhas criaturas humanas. Tu expressas surpresa, meu filho, e me questionas, perguntando: ‘Sério? Sou amado sem exceção?’ Sim, sem exceção. No entanto, tu respondes: ‘Senhor, como pode ser isso? Pode alguém que peca contra Ti ser amado por Ti ao mesmo tempo?’ Sim, Meu filho. Se Eu não continuasse a amar uma pessoa pecadora, deixaria essa pessoa continuar vivendo? Meu Amor está sentado como um mendigo diante da porta de alguém que não ama. Ele espera. Ele continuará a esperar. O tempo que esperarei está além da compreensão humana. Eu espero. E quem poderá separar-Me do Meu amado pecador?
“Vê, então, meu filho, com que grande Amor és amado! Eu não digo que és ‘profundamente’ amado ou ‘muito’ amado’, ou amado mais ou menos do que outra pessoa. Já ouviste dizer que amo alguns e desprezo outros, que amo em graus muito diferentes. Isso porque tive que falar aos seres humanos de maneiras humanas e em linguagem humana, em um estilo pedagógico, com palavras humanas pobres que não podem expressar realidades divinas. No entanto, em Meu Amor indivisível não há ‘mais’ nem ‘menos’. Meu Amor é pura qualidade, não contendo nada quantitativo, nada mensurável. Em sua infinita plenitude, é oferecido a todas as pessoas igualmente. Eu só posso amar de maneira divina. Isto é, inteiramente, entregando-Me totalmente nele e por meio dele. São minhas criaturas humanas que se abrem mais ou menos — ou então se fecham completamente — ao Meu Amor.
“Deixe-me usar uma imagem. O Amor Divino é como a pressão atmosférica que envolve e pesa sobre cada criatura. Ele assedia a todos, deseja conquistar a todos. Busca forçar uma abertura, encontrar um caminho que leve ao coração, a fim de preencher a pessoa por completo. A diferença entre o pecador e o santo é que o pecador fecha seu coração ao Amor, enquanto o santo o abre a esse Amor. No entanto, é o mesmo Amor, oferecido a ambos, que tenta satisfazer a ambos. Um o rejeita, o outro o aceita. Não há aceitação, porém, sem graça, e essa graça é imensurável.
“Deixe-Me repetir, Meu filho: Eu amo cada pessoa completamente e, ainda assim, de forma diferente. Eu amo cada um ‘de outra forma’. Há espaço nesse Amor para intenções e prazeres divinos, para graças e chamados, para escolhas que são diferentes de quaisquer outras.
“Tu, Meu filho, Eu amo de forma diferente de qualquer outra pessoa. Eu te amo com um amor incomparável, único. Teus pecados podem muito bem ferir o Amor que tenho por ti. No entanto, eles nunca podem diminuir esse Amor.
“Eu digo que amo a humanidade ‘de todo o Meu coração’? Essa noção não se aplica a Deus, pois implica quantidade. Meu coração não é um todo, nem metade, nem um terço. Ele não conhece limites. O amor que vem de pessoas humanas tem limites, pois cada pessoa é uma criatura finita.
“No entanto, Meu filho, podes falar de um divino ‘de todo o Meu coração’ de certa maneira simbólica. Isso significa que o Amor se aproxima de ti sem restrições, em toda a sua imensidão, sua infinitude, seu absoluto, sua infinitude. Cada um de vós, cada criatura, cada grão de areia, cada ser microscópico é o objeto do Meu Amor. Acreditas nisso?
“Meu filho, neste exato momento tu és o foco do Amor ilimitado dentro do universo criado. Eu, teu Deus e teu Senhor, volto-Me para ti. O Ser divino está de alguma forma concentrado em ti, como em todos os outros seres existentes, mas como se fosses o único foco de Sua atenção. Nesse mesmo pensamento, há o suficiente para te cativar e inundar-te. Tu és amado. Repita esta promessa a si mesmo e nutra-se dela. Recebe Minha declaração de Amor com confiança humilde e radiante. Se o fizer, teu coração cantará de alegria!”
Arquimandrita Lev (Gillet)
tradução de monja Rebeca (Pereira)
