Cristo é o ápice do desejo; não há nada mais elevado. Todas as coisas sensatas levam à saciedade, mas com Deus não há saciedade. Ele é tudo. Deus é o ápice do desejo. Nenhuma outra alegria, nenhuma outra beleza, nada mais pode rivalizar com Ele. O que é mais elevado do que o mais elevado? O amor a Cristo é algo diferente. É sem fim, sem saciedade. Dá vida; dá força; dá saúde; dá, dá e dá. E quanto mais dá, mais a pessoa deseja se apaixonar. O amor e a paixão humanos, por outro lado, podem ser destrutivos e até mesmo levar uma pessoa à loucura. Quando amamos a Cristo, todos os outros amores diminuem. Outros amores têm um ponto de saciedade. O amor a Cristo não tem ponto de saciedade. O amor carnal tem um ponto de saciedade. Depois disso, o ciúme e o descontentamento podem se instalar e até levar ao assassinato. O amor em Cristo não conhece alteração. O amor mundano permanece por um tempo e se extingue gradualmente, enquanto o amor divino cresce e se aprofunda continuamente. Qualquer outro tipo de amor pode levar uma pessoa ao desespero. O eros divino, porém, nos eleva à esfera de Deus; concede-nos serenidade, alegria e plenitude. Outros prazeres nos enervam, mas deste prazer nunca nos fartamos. É um prazer insaciável, do qual nunca nos cansamos. É o bem supremo.
Devemos considerar Cristo como nosso amigo. Ele é nosso amigo. Ele mesmo afirma isso quando diz: “Vós sois Meus amigos…” (João 15:14). Estendamo-nos a Ele e aproximemo-nos d´Ele como um amigo. Caímos? Pecamos? Com familiaridade, amor e confiança, corramos para Ele — não com medo de que Ele nos castigue, mas com a confiança que derivamos da sensação de estar com um amigo. Podemos dizer-Lhe: “Eu caí, perdoa-me”. Ao mesmo tempo, porém, tenhamos a sensação de que Ele nos ama e que Ele nos recebe com ternura e amor e nos perdoa. Não deixemos que o pecado nos separe de Cristo. Quando cremos que Ele nos ama e que nós O amamos, não nos sentimos estranhos e distantes dEle, mesmo quando pecamos. Conquistamos o Seu amor e, independentemente de como nos comportamos, sabemos que Ele nos ama.
São Porfírio Kavsokalivitis
Tradução de monja Rebeca Pereira
