Ora, também o primeiro tinha ordenanças de culto divino e um santuário terrestre. Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candeeiro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o Santuário. Mas, depois do segundo véu, estava o tabernáculo que se chama o Santo dos Santos, que tinha o incensário de ouro e a arca do concerto, coberta de ouro toda em redor, em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas do concerto; e sobre a arca, os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente. Ora, estando essas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços; mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo.
Hb. 9: 1-7 (Epístola da Festa da Apresentação da Mãe de Deus no Templo)
O nascimento e a infância da Virgem Maria não fazem parte dos quatro Evangelhos. Em vez disso, existe um Evangelho apócrifo conhecido como Protoevangelho de Tiago. (Existiram mais “evangelhos” além de Mateus, Marcos, Lucas e João — esses evangelhos “apócrifos” não são reconhecidos como livros da Bíblia, mas têm validade na Teologia Ortodoxa. Há dois Evangelhos apócrifos: o Evangelho de Tiago e o Evangelho de Nicodemos. Existem também os “evangelhos” conhecidos como evangelhos “gnósticos”, que são heréticos e condenados pela Igreja. Estes incluem os “evangelhos” gnósticos de Maria Madalena e Tomé.) O Protoevangelho de Tiago é supostamente atribuído a Tiago, irmão do Senhor, mas como não pode ser concretamente atribuído a ele, ou se trata apenas de tradição oral codificada por ele, essa é outra razão pela qual não aparece no cânone das Escrituras, a Bíblia. “Proto” significa “primeiro” e “evangelho” significa “evangelho”. O “Protoevangelho”, escrito por Tiago, narra eventos que ocorreram antes do ministério de Cristo, como o nascimento da Virgem Maria, Seu serviço no templo, Seu noivado com José, até o nascimento de Jesus.
Os pais da Virgem Maria eram Joaquim e Ana. Eles não conseguiam ter filhos. Na velhice, fizeram uma promessa a Deus de que, se Ele lhes desse um filho, o dedicariam a Deus. Deus lhes disse, por meio de um anjo, que eles dariam à luz Aquela que Se tornaria a Mãe do Senhor.
Quando sua filha, Maria, completou três anos, chegou a hora de cumprir a promessa. Joaquim reuniu as moças da vizinhança para irem à frente de Maria, carregando tochas. Maria Se concentrou nas luzes brilhantes e não chorou enquanto era conduzida para longe de casa. Quando viu o templo para onde estava sendo levada, correu à frente das portadoras das tochas. Ela foi recebida no templo pelo sumo sacerdote Zacarias, que reconheceu que Aquela era uma menina especial. Ele A levou para o Santo dos Santos, um lugar onde somente o sumo sacerdote tinha permissão para entrar e apenas uma vez por ano, “e não sem tomar o sangue que oferece por si mesmo e pelos pecados do povo” (Hebreus 9:7).
Este “sangue” refere-se ao sangue de uma novilha que era oferecido anualmente no altar pelo sumo sacerdote. Zacarias levou a Virgem Maria e A colocou nos degraus do altar. Ela deveria sacrificar Sua vida para dar à luz Aquele que Se sacrificaria por todo o povo, Jesus Cristo. É por isso que é chamada de “novilha” em nossa hinologia. Quando foi colocada nos degraus do altar, a graça do Espírito Santo desceu sobre Ela. Maria permaneceria no templo até atingir a idade de casar, que naquela época era por volta dos quatorze anos. Depois disso, foi confiada a José, com quem estava prometida em casamento.
O ícone da Festa da Entrada mostra Maria sendo apresentada por seus pais, Joaquim e Ana, no Templo. Ao fundo, estão as jovens que A acompanharam até o Templo. E no canto, há um anjo servindo à Virgem Maria no Templo.
Há três lições nesta festa: Primeiro, a fé de Joaquim e Ana, que não perderam a fé apesar de não poderem ter filhos. Segundo, a obediência da Virgem Maria, tanto aos Seus pais quanto ao plano de Deus, ao deixar Seu lar e Seus pais para servir no Templo. E terceiro, o plano geral de Deus para a nossa salvação, prefigurado nesta festa. Pois a Virgem Maria entrou no Santo dos Santos, onde somente o sumo sacerdote podia entrar, dedicando Sua vida em sacrifício ao plano de Deus, antecipando o sacrifício que o Filho que Ela gerou, Jesus Cristo, faria pela salvação de todos.
Há algumas semelhanças entre nós e a Virgem Maria. Cada um de nós é chamado a ser “Theotokos”, portador de Deus. Carregamos Deus em nós ao recebermos a Eucaristia. Também somos chamados a viver nossas vidas para Deus e a fazer a nossa parte em Seu plano para a salvação de todos. Joaquim e Ana fizeram a sua parte, a Virgem Maria fez a d´Ela, e agora cabe a nós fazermos a nossa. Devemos apresentar-nos no templo a cada semana, ansiosos por aprender, ansiosos por servir e fazê-lo com grande alegria. O Protoevangelho de Tiago relata que a Virgem Maria, então com três anos de idade, dançava de alegria ao entrar no Templo. Nossos corações também devem transbordar de alegria a cada semana ao entrarmos no templo.
Hoje, a Virgem imaculada é conduzida ao Templo, para Se tornar a morada de Deus, Rei de todos e Nutridor de toda a nossa vida. Hoje, o santuário puríssimo é introduzido no Santo dos Santos como uma novilha de três anos. Clamemos-Lhe como outrora clamou o Anjo: Rejubila, bendita entre as mulheres! (Doxastikon de Orthros, Festa da Apresentação da Mãe de Deus)
Viva uma vida que reflita que carregamos Cristo em nós. Desempenhe seu papel no plano de Deus para com a salvação do mundo. Faça isso com alegria.
Sacerdote Stavros Akrotirianakis
tradução de monja Rebeca (Pereira)








